quarta-feira, 10 de julho de 2013

No ônibus.

Com a cara no sol, bebeu a água como se fosse cerveja azeda e velha. Entediada, bicuda e inquieta estava.
A menina e o namorado, no relacionamento tedioso, mal se olhavam enquanto  o ônibus nem andando estava dentre tantos carros.
A ansiedade dos olhos da menina escorria para seu livro de exercícios , enquanto os óculos deslizavam para a ponta do nariz.
A velha com cheiro de cigarro e cabelos de piaçava beijava santo de hora em hora, lamentando a vagareza.
O sol que batia em seus cílios  não incomodava. Na pequena abertura entre os lábios grandes e molhados o sol também passava e era sulficiente para chegar aos dentes, que rebatiam o brilho de volta para o vidro daquilo que não se locomovia.
Juntou os lábios agora e amarrou a cara.
Não esperou o ônibus chegar para que beijasse santo novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário