sábado, 27 de julho de 2013

(Im)Perceptível

O sono não vem e a folha em branco  só fica com as gotas de tinta. Imperceptíveis.
Os impercepitíveis são sim perceptíveis de determinados pontos de vista.
No vagão ninguém vê , mas estou com a mochila entre as pernas e fones de ouvido  se embaralhando com a minha roupa. Ninguem sabe o que estou ouvindo , mas eu sei. Perceptivel sim... mas ,no caso, so para mim.
O cadelo amarrado, a calÇa justa e o cachecol que penica não são perceptíveis.... mas ,no caso , sao! Só para mim.
Me prendem pessoas. Fico presa por corpos. Sao as grades de uma prisão que não é só minha... Percebe-se.
Corpos grudados numa distância quase imperceptível, mas perceptível sulficiente para ver  a ponta do cabelo da moça saindo debaixo da orelha do homem, o celular da mãe nos olhos da crianca, a camiseta do garoto pelos óculos da menina míope, a calça rasgada do rapaz num lugar onde so deveria estar amassado, o fone de ouvido que deveria fazer o som para uma pessoa só, as mãos que se seguram na grade descrita sem precisar daquelas barras brilhantes... que desaforo!
O conteúdo do celular que o garoto esconde perto do vidro aparece quando passa debaixo do túnel e reflete para algumas vistas.
Pra que tornar o imperceptivel uma coisa comum se a graça está naquilo que a gente nao vê com os olhos?

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